Plutão, enfim, numa foto de corpo inteiro

Divani TerçarolliArtigos, Textos Diversos

Nesta terça-feira dia 14 de julho de 2015, depois de 9 anos de viagem, a sonda espacial New Horizons passou a cerda de 12 mil quilômetros de Plutão e o fotografou pela primeira vez. Ainda sabemos muito pouco sobre esse planeta. Plutão foi descoberto quando transitava em Câncer, signo da Mãe, e agora está em Capricórnio, em oposição ao signo de sua descoberta. Plutão simboliza a Transformação.

Em Câncer ele trouxe grandes mudanças à estrutura da família tradicional, principalmente o fim do papel feminino de dedicação exclusiva ao lar e aos filhos. A Segunda Guerra Mundial fez com que as mulheres tivessem que assumir o comando de seus lares e o sustento da família na ausência dos maridos provedores, indo trabalhar fora e provando mais liberdade e independência.

Agora em Capricórnio, signo associado à estruturas, limites e hierarquia, Plutão tem nos premiado exclusivamente com seus aspectos mais maléficos, trazendo à tona governos corruptos e criminosos, autoridades envolvidas com o narcotráfico, terrorismo, abalo na hierarquia da Igreja, com padres pedófilos, pais assassinando, abusando e torturando suas crianças, bebês indesejados jogados no lixo, estudantes espancando professores, pessoas de bem escondendo o rosto enquanto bandidos e réus confessos sorriem para as câmeras de TV.

Parece que tudo que era sólido está se desmanchando no ar, como dizia o título daquele livro famoso nos anos 80.
Isso tudo mostra que a humanidade como um todo está precisando de limites!
Será que não devemos transmutar esse Plutão em Capricórnio usando seus significados mais benéficos e trabalhar para reconstruir estruturas?

O que poderia vir de Bom dessa parceria?

Capricórnio é o domicilio de Cronos-Saturno, o mais novo dos filhos de Gaia, único que assumiu a responsabilidade de libertar a mãe da tarefa de gerar, incessantemente, os filhos sempre rejeitados de Urano.

Hades/Plutão é filho de Cronos/Saturno, e junto de seus irmãos Zeus/Júpiter e Poseidon/Netuno, derrotaram o pai tempos depois. Ambos são energias de terra e Plutão parece muito à vontade nos domínios de Saturno.

Como tanto Plutão quanto Capricórnio, regido por Saturno, têm analogia com poder e autoridade, poderíamos pensar no advento de tipos de governo que tivessem um poder supremo sobre a vida das pessoas, decidindo desde o quanto se pode gastar de água e energia, ou quanto se pode gerar de lixo, até o número de filhos cada casal poderá ter, tudo isso “pelo bem do planeta”. Mas também poderia ser o fim dos governos paternalistas, e o despertar da consciência de que o governo não é uma espécie de pai provedor, e que cada cidadão deve assumir sua cota de responsabilidade pelo bem comum, pois sozinho, um governo não pode fazer tudo para todos. A proliferação de ONG’s é uma prova disso.

Plutão representa um Poder Superior enquanto Capricórnio representa um Poder Terreno, material, palpável. Penso que o próprio critério do que é Poder poderia se transformar, talvez para incorporar o sentido de Poder Superior, Espiritual, poder que é uma investidura, ou uma “missão”.
Em meus sonhos mais otimistas o critério para se julgar o quanto alguma coisa ou alguém é ‘poderoso’ passaria a ser a capacidade
ou a Sabedoria. Todas as formas de organização e todas as estruturas sobre as quais o mundo que conhecemos foi erguido poderiam passar por reformulações e melhorias para se adaptar aos novos tempos.

Capricórnio é o signo da cabra solitária escalando a montanha, a montanha sagrada ou da iluminação, de onde Deus fala com o ser humano, como falou a Moisés no Monte Sinai. Plutão talvez trouxesse a transformação desse contato vertical e o fim das religiões organizadas, baseadas na hierarquia e na observância aos dogmas; seria a volta de uma espiritualidade mais verdadeira, baseada no contato direto do homem com Deus, sem intermediários.

Enfim, o Tempo, outro domínio de Capricórnio/Saturno, poderia ser compreendido de uma forma diferente, não como algo que flui de maneira uniforme, mas como algo sobre o qual podemos agir e até influenciar, assim como o espaço, no sentido de distância, já se tornou irrelevante com o progresso dos meios de comunicação. A forma como administramos o nosso tempo, a divisão entre o tempo dedicado ao trabalho e o tempo de lazer poderia sofrer reformulações significativas. O próprio sistema ou regime de trabalho poderia passar por mudanças significativas.

Enfim, Plutão poderia nos mostrar que estamos sujeitos a um Poder Maior, Superior, Divino, e que as coisas não acontecem conforme queremos ou como programamos. Elas, ‘as coisas’, acontecem no tempo certo, obedecendo a leis que não conhecemos.
Acontecem “se e quando”, Deus quiser…